Habitar PortugalHP

A Alameda de São Dâmaso, a Praça do Toural e a Rua de Santo António constituem uma sequência de espaços em enfilade dispostos ao longo
da muralha medieval. Ocupando cerca de 40 000m2, conformam um importante segmento da área intersticial entre o Centro Histórico da cidade de Guimarães e as zonas extramuros. Colocando em evidência muitas das polaridades que atualmente se revelam na intervenção em tecidos urbanos com valor patrimonial – uso citadino quotidiano versus turístico sazonal; reinterpretação do património versus musealização; memória em construção versus tradição – o projeto pensou o espaço público como lugar aberto e disponível à expressão de uma sociedade progressivamente multicultural.
O desenho procurou, assim, os seus fundamentos numa interpretação atual e acertada do lugar, ancorando a transformação na espessura da sua longue durée, sedimentando temas da urbanidade contemporânea e signi cados incorporados na memória coletiva. Nesse sentido, foram recuperadas espacialidades e objetos da história do lugar entretanto perdidos no tempo, e incluídos outros, que atualizam essa trajetória, (re)situando a intervenção nos nossos dias. O chafariz quinhentista, que regressou à sua origem, e o varandim da autoria de Ana Jotta, desenhado expressamente para o lugar, são a expressão mais evidente dessa opção projetual. Quase uma década depois da sua requalificação, é possível verificar que este conjunto de espaços se abriu a fruições e usos diversificados, potenciando a sua condição de ágora e assim cumprindo o fundamento primeiro do projeto, expresso na reunião pública que em 15 de julho de 2009 abriu à cidade o debate público: As Pessoas Somos Nós.