Habitar PortugalHP

A criação da Casa da Cultura de Pinhel permitiu a reabilitação do primeiro piso e pátio do antigo Paço Episcopal da cidade, um edifício do século XVIII que, ao longo dos tempos, foi alvo de inumeráveis modificações que o foram acomodando às suas também inumeráveis funções (Episcopado, Quartel Militar, Polícia, Escola, Residência de Estudantes). O Paço habituou-se a ser um edifício evolutivo e desfigurado. O projecto quis assim ser mais um tempo dessa evolução mas em sentido inverso, para trazer de volta a coerência que lhe fora sendo roubada ao longo do século xx.
De forma crítica, pelo estado interior do edifício, cruzado com a necessidade de uma intervenção económica e temporalmente viável, a demolição e a exploração espacial das texturas deixadas tornaram-se tema e conceito.
Assim, o projecto centrou-se no equilíbrio entre a permanência e recuperação dos traços originais mais bem guardados e uma operação de subtracção, limpeza e demolição dos elementos supérfluos que descaracterizaram os interiores ao longo dos tempos.
Finalmente, sobreposta à demolição, houve uma uniformização cromática de todas as superfícies assumindo-se as várias texturas e cicatrizes sem acabamento. Por seu lado, todos os elementos novos foram assumidamente tratados como uma adição e propositadamente regrados, repondo uma necessária leitura de rigor.
Por  fim, dentro da coerência e estratégia do projecto, o mobiliário foi recuperado ou construído a partir da reutilização de elementos em madeira demolidos.